19 de novembro de 2010

Mary e Max - uma amizade diferente

RESENHA - FILME
 Everson Alencar [*]



“Mary e Max – Uma amizade Diferente” (“Mary e Max”). Drama. Animação. Austrália. 2009. 93 minutos. Roteiro, Direção, Animação: Adam Elliot.

Trata-se de uma animaçao adulta que apresenta uma imagem da sociedade humana vista pelo angulo do sofrimento e da solidão de pessoas comuns. Afinal de contas, quem é perfeito e satisfeito consigo mesmo?

Mary é uma criança australiana não-popular. Nem o pai, operário de chão de fábrica, nem a mãe, alcoólatra e ladra de supermercado, lhe dão atenção. Na escola é ridicularizada por causa de uma marca de nascença que tem na testa. Mary tem um galo de estimação e fabrica seus próprios brinquedos com itens de segunda categoria como restos de ossos de galinha.

Max mora em Nova Iorque, tem 40 anos e é judeu, ateu e desiludido com a vida. Mantém apenas três objetivos: ter um estoque de chocolate; completar sua coleção de bonecos dos noblets (um desenho animado); e ter um amigo de verdade (pois um imaginário ele já tem).

Mary lê uma lista telefônica americana, nota que os nomes são bem diferentes dos nomes australianos e se questiona se a vida por lá também seria diferente. Resolve escrever uma carta para um nome escolhido aleatóriamente. É então que as histórias se cruzam e essa troca de correspondência viria a durar mais de 20 anos. Dessa forma, por meio das cartas, o filme desenrola inúmeras críticas, filosofias e pontos de vista sobre os mais variados assuntos da vida moderna. Partindo de duas cosmovisões antagônicas, a de uma criança e o de um idoso, o enredo leva o telespectador a muitas reflexões.

De forma muito ironico-satírica, pelo lado da Mary, as mazelas da sociedade são vistas por uma criança. É com sabor ácido-azedo que se recebe a descrição que a menina faz dos hábitos de "pegar emprestado" de sua mãe alcoólatra, o hobbie mórbido de seu pai (embalsamar pássaros mortos), o "bullying" que sofre na escola por sua marca de nascença "cor de cocô", e outros.
Do outro lado do mundo, Max, recebe as perguntas, entra em crise por ser confrontado com o diferente, mas responde do seu modo, impregnado de desilusões e fracassos e transbordando esperança de ter um amigo real.

Entre esperanças e desesperos, altos e baixos, desilusões e pequenos gestos a narrativa vai tecendo uma imagem interessantíssima da amizade, da vida e da sociedade.


Sugestões de discussão:
- !!! o mundo real e o mundo fantástico dos meios de comunicação (comunicação social): será que o mundo eh perfeito como mostra a mídia? será que é tao distorcido como mostra o filme? ...
- pontos de vista / cosmovisão (filosofia):
 a. o da criança e o do idoso
 b. o de quem quer curar e o de quem não quer ser curado
 c. iguais e diferentes
- Dialética (filosofia): o confronto dos opostos.
- família e determinismo social
- estruturas sociais (?)
- judeu ateu (teologia)
- doenças psicológicas no mundo moderno (psicologia)

[*] Everson Alencar é bacharel em Comunicação Social (2006) e estudante de Teologia no Mackenzie (inicio 2009).

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