30 de dezembro de 2010

Dom Casmurro - Machado de Assis


RESENHA
Everson Alencar
30/12/2010

Dom Casmurro.
Machado de Assis.
e-Book: EditoraPlus.org
disponível em " http://www.simplissimo.com.br/store "
acesso em 30/12/2010
 
A obra  foi publicada pela primeira vez em 1899, é considerada um clássico da literatura brasileira classificada como pertencente ao movimento literário do Realismo. O livro apresenta uma estrutura fragmentária não-linear composta por 148 capítulos curtos.

É escrita em primeira pessoa e o narrador-personagem é Bento de Albuquerque Santiago. Já de meia idade, alcunhando de Dom Casmurro, para variar a monotonia da vida, resolve escrever um livro. Acudiram-lhe alguns assuntos. Jurisprudência, filosofia, política... Decidira escrever "história dos subúrbios". Mas, fatigado por antecipação pela necessidade de coletar dados, documentos e datas; e, por sugestão dos quadros pendentes na parede (Nero, Augusto, Massinissa e César) decide escrever sua autobiografia. Detalhe não explícito no livro: esses personagens têm em comum o fato de terem assassinado suas esposas por acusação de adultério.

No início do livro, o narrador-personagem explica o título e o motivo. Dom Casmurro é a alcunha que adquiriu por seus hábitos reclusos e calados. E um dos motivos declarados do livro é atar as duas pontas de sua vida: a adolescência esperançosa e alegre, e a velhice "casmurrenta".

Mais da metade do livro (do capítulo 3º ao 97) gira em torno dos 15 aos 17 anos do personagem. Período em que sente a angustia de estar dividido entre a paixão recém descoberta pela vizinha Capitu e a promessa divina da mãe a Deus de fazê-lo padre. Nesse período Bento morava na casa de sua mãe viúva (D. Glória), seu tio Cosme, sua prima Justina e o agregado José Dias. Bento vai para o seminário, mas já comprometido com Capitu a mudar esse destino e se casar com ela.

Bento, depois de idéias e tentativas diversas, se liberta da dívida divina através do argumento lógico de que se sua mãe havia prometido ordenar um padre a Deus, esse padre poderia ser outra pessoa que não Bentinho, seu filho. Fruto do seminário é a amizade de Bento com Ezequiel de Sousa Escobar.

Mas, apesar de fisicamente mais volumoso, essa luta por concretizar seu amor por Capitu não é o tema central do livro. O tema central é o ciúme e o adultério. Livre do seminário, Bento se forma em Direito e finalmente casa-se com Capitu. Escobar casa-se com Sancha, amiga de Capitu, e o que se segue são capítulos que descrevem uma vida gloriosa e agradável. Até a morte de Escobar.

No velório (capítulo 121) Bento observa o olhar de Capitu para o morto Escobar. Somando-se e subtraindo-se diversos elementos tratados ao longo do livro, e principalmente o fato de Bento ver o filho crescer cada vez mais aparentado à Escobar que a ele mesmo, Bento conclui que Capitu o traiu com seu melhor amigo. É quando surge finalmente o Dom Casmurro. Fica cada vez mais insuportável ver o filho como fruto de outro, até o ponto de pensar em suicídio ou assassinato.

Aconteceu mesmo o adultério? Esse é o grande trunfo do livro que tem instigado gerações de críticos desde o lançamento do livro. Uns dizem que sim, outros dizem que os elementos apontam para não e outros ainda dizem que o objetivo do livro é deixar cada leitor concluir por si mesmo.

Com seus capítulos curtos e suas frases belas, simples e agradáveis o livro é leitura altamente recomendada. Seu enredo envolvente, as pistas fragmentadas e sortidas contidas nas linhas dessa obra e a curiosidade por saber mais sobre o que aconteceu criam um ritmo que conduz rapidamente ao final do livro. E depois de lido, fica uma sensação de que a opinião a que o leitor chega, seja ela qual for, faz parte do livro.

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